Nadador da Unisanta supera vírus raro para conquistar três medalhas no Troféu Brasil Maria Lenk

6 anos ago 0

Leonardo de Deus foi diagnosticado com a doença mão-pé-boca há três semanas e pensou em não competir, mas o esforço valeu a pena
Leonardo de Deus, nadador da Unisanta, deu um exemplo de superação no Troféu Brasil Maria Lenk. O atleta de 27 anos superou a doença mão-pé-boca, causado pelo vírus Coxsackie, para conquistar três medalhas – duas de ouro e uma de bronze – e ser pré-convocado para Pan-Pacífico, em agosto, no Japão.

Há três semanas, Léo foi internado no Hospital 9 de Julho, em São Paulo, com muitas dores, febre alta e formigamento. Ele temeu por um infarto. Depois de dificuldades no diagnóstico, um pediatra deu o veredito: mão-pé-boca, doença comum na infância e que raramente acomete adultos. Foi o segundo caso detectado neste hospital.

“Essa competição está sendo muito importante para mostrar minha maturidade. Às vezes não acreditamos no que somos capazes de realizar. Eu consegui me superar. No início da virose, pensei em não competir. Eu tremia de dor no hospital. É um vírus relativamente novo, os médicos ficaram sem saber o que fazer, e faltavam duas semanas para a competição. Mas eu me preparei e não deixei me abater. Não poderia jogar fora tudo que trabalhei. Está sendo uma prova de superação”, diz o nadador da Unisanta.

Assim como outros vírus, como a catapora, a mão-pé-boca causa efeitos mais acentuados nos adultos. Léo de Deus teve febre alta, aftas e bolhas na palma das mãos e sola dos pés. A origem é incerta: pode ter vindo do sobrinho do nadador (houve um surto na sua escola) ou da participação em um torneio em Limeira, onde confraternizou com cerca de 500 jovens. A transmissão se dá por via oral ou fecal.

Com o risco de contágio, Léo tomou cuidado com os seus pertences e no contato direto com seus familiares e companheiros de profissão, além de comer sopa na maioria dos dias por causa das aftas. Saliva, secreções e alimentos contaminados podem disseminar o vírus, que não se desenvolve necessariamente nos portadores.


Água foi vilã
A água geralmente é aliada do nadador da seleção brasileira. Dessa vez, porém, não ajudou tanto assim. As bolhas, na rotina de treinos na piscina, “incharam”. A recomendação era de uma semana de repouso, mas Léo não parou um dia sequer. Só não pôde ir à academia por causa da dificuldade em segurar os pesos.

Não há vacina e o tratamento se dá por conta de remédios para dores e pomada com corticoide. O problema é que a maioria dos medicamentos e esse anti-inflamatório são proibidos. Com o risco de ser punido pelo exame antidoping, a solução foi aguentar a dor.

As mãos e os pés viraram uma “bolha gigante”, como diz Leonardo. Com a dificuldade na sensibilidade entre a pele velha e a nova, a solução foi arrancar os “restos”. As fotos mostram a situação do atleta. As imagens dos pés são desta semana, já no Rio de Janeiro para o Maria Lenk, antes e depois da “limpeza”.

“Me emocionei bastante por estar no balizamento e, enquanto estavam todos concentrados, eu tirava pedaços da mão e pé. E todos me olhando. E aí tirei forças para conseguir. Não sabia se conseguiria me apoiar no grip ou bater bem na parede, mas consegui”, explica.

“Como vivia na água, as bolhas incharam. A pele secaria normalmente, mas com a água minha mão virou uma bolha gigante. Meu pé também. Eu não poderia ficar com essa pele podre. Eu não teria força sem sentir a mão. Então eu arranquei toda a pele dos dedos e da sola do pé. A mão melhorou, mas no pé eu tive que fazer isso essa semana, há dois dias. Eu pisava em cima da bolha. A sensação me matava. E eu arranquei aqui no hotel. Liguei para a minha esposa e disse que aconteceu o que eu não queria, que era sair a pele do meu pé durante essa semana. E aí tive que me superar”, completa.


Bom desempenho, classificação e recorde
Mesmo com todas as dificuldades, Léo de Deus conquistou o ouro nos 200m borboleta, com o tempo de 1m55s5, apenas 14 centésimos acima de sua melhor marca na carreira. Com o título, Leonardo, nono no ranking mundial, foi pré-convocado para o Pan-Pacífico no Japão e se tornou o nadador em atividade com mais vitórias individuais no Troféu Maria Lenk (19, contra 17 de Cesar Cielo).

“Quinto tempo do mundo, segundo melhor da vida e só 14 centésimos acima. Superei o vírus. Isso mostra que estou no auge da carreira e no caminho certo. Me sinto cada vez mais confiante. Em 2017, melhorei todos os meus tempos. E agora, mesmo com esse problema de saúde, tenho nadado bem”, conclui.

FOTO 1: PÉ DO NADADOR (ARQUIVO PESSOAL)
FOTO 2: PÉ DO NADADOR (ARQUIVO PESSOAL)
FOTO 3: LEO DE DEUS (E5+ COMUNICAÇÃO)
E5+ Comunicação & Marketing
Assessoria de imprensa da Equipe de Natação da Unisanta – Troféu Maria Lenk 2018