Nova geração e nomes consagrados da natação brasileira se encontram no pódio do Mundial Paralímpico London 2019

5 anos ago 0

Competição teve início nesta segunda-feira, 9, em Londres, com dois ouros brasileiros, duas pratas e um bronze. Daniel Dias e o novato Wendell Belarmino foram os campeões nos 50m livre em suas classes

09.09.2019 – Mundial de Paranatação de Londres 2019 – Wendel Belarmino – Foto: Ale Cabral/CPB
09.09.2019 – Mundial de Paranatação de Londres 2019 – Carol Santiago – Foto: Ale Cabral/CPB

O primeiro dia do Mundial de natação paralímpica começou com a presença da bandeira brasileira em cinco das 11 finais em que os atletas do país disputaram nesta segunda-feira, 9. Na mítica piscina do Parque Olímpico de Londres foram dois ouros, com o multimedalhista Daniel Dias na classe S5 e o novato Wendell Belarmino (S11), ambos nos 50m livre, além de duas pratas e um bronze.

O primeiro dia de Mundial terminou com o Brasil em sexto no quadro de medalhas. A Rússia lidera, com quatro ouros, três pratas e quatro bronzes. Grã-Bretanha, Itália, Ucrânia, Itália e Estados Unidos amealharam três ouros cada e estão à frente do Brasil.

A delegação brasileira neste Mundial conta com 27 representantes e veio à capital inglesa imediatamente após o término das disputas da modalidade nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, no domingo, dia 1º de setembro. Nossos nadadores trouxeram na bagagem 53 medalhas de ouro de um total de 127.

Alguns dos atletas que triunfaram no evento continental mantiveram a rotina de pódio neste Mundial. Além dos campeões Daniel e Wendell, os pernambucanos Phelipe Rodrigues, nos 50m livre (S10), e Maria Carolina Santiago, nos 100m costas (S12) foram prata, e a potiguar Joana Neves, a Joaninha, bronze nos 50m livre (S5).

A medalha de Daniel Dias veio de forma eletrizante. Ele não teve a melhor largada, mas nos metros finais recuperou-se para chegar em primeiro. Ao confirmar a vitória, com o tempo de 31s83, o melhor de sua vida nesta prova, vibrou batendo com os dois braços na água como forma de desabafo. Até então, seu recorde era 31s86.

A marca desta segunda-feira deveria ser o novo recorde mundial, mas devido ao novo processo de classificação funcional em curso pelo IPC (Comitê Paralímpico Internacional, na sigla em inglês), o melhor tempo do mundo nos 50m livre da classe S5 é 30s16, do italiano Antonio Fantin. Este, contudo, disputa a classe S6, para atletas com menor grau de comprometimento físico-motor, e foi campeão Mundial também nesta segunda-feira nos 400m da S6, minutos antes de Daniel Dias triunfar nos 50m livre. O Comitê Paralímpico Brasileiro contesta a forma e o procedimento adotados pelo IPC na classificação funcional da natação.

“Eu sabia que este Mundial seria muito difícil, mas já começar melhorando minha marca, como outras eu pretendo melhorar, começando com medalha de ouro, é só gratidão. voltar sete anos depois dos Jogos Paralímpicos de Londres aqui nesta piscina, sinto muita gratidão. Era para ser novo recorde mundial, mas foi recorde das Américas. Viemos de uma preparação muito forte, o Parapan foi bom para isso, agora é só agradecer a Deus, à família, minha esposa, meus filhos, meus pais, pelo apoio”, disse o nadador de Campinas, que nasceu com má formação em três membros.

Sete anos atrás, nos Jogos Paralímpicos de Londres, Daniel Dias nadou pela primeira vez nesta piscina e voltou para casa com seis ouros. Antes do Mundial na capital inglesa, Daniel Dias celebrara seu 33º ouro consecutivo em Parapans, com os quatro títulos que abocanhou em Lima, há menos de uma semana. Já em campeonatos mundiais, ele soma 37 láureas, sendo a desta segunda-feira sua 31ª de ouro.

Enquanto Daniel Dias acumula conquistas douradas, o Mundial de natação traz gratas surpresas ao movimento paralímpico nacional. Um deles foi o responsável pelo primeiro ouro do dia. O brasiliense Wendell Belarmino Pereira, morador de Sobradinho, uma das maiores regiões administrativas do Distrito Federal, que treina na piscina do Centro Olímpico da UnB (Universidade de Brasília), tem 21 anos, é da classe S11 (para cegos) e chegou à final dos 50m livre com o quinto melhor tempo. Mas com uma boa largada e muita resistência nos metros finais, conseguiu concluir a prova em 26s20, apenas cinco centésimos à frente do russo Kirill Belousov, então líder do ranking mundial.

09.09.2019 – Mundial de Paranatação de Londres 2019 – Wendel Belarmino – Foto: Ale Cabral/CPB
09.09.2019 – Mundial de Paranatação de Londres 2019 – Phelipe Rodrigues – Foto: Ale Cabral/CPB
09.09.2019 – Mundial de Paranatação de Londres 2019 – Carol Santiago – Foto: Ale Cabral/CPB

“Não consigo explicar a felicidade, cheguei no Mundial sem pretensão, talvez uma prata ou bronze. Mas veio o ouro no meu primeiro mundial, no meu primeiro dia, sem palavras”, comentou o atleta que nasceu com glaucoma e desde 2016 pratica natação.

Wendell foi um dos grandes medalhistas brasileiros nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, encerrados no último dia 1º. Trouxe na bagagem quatro ouros e duas pratas, quatro recordes da competição. A marca que estabeleceu no Mundial de Londres é 88 centésimos mais rápida do que a que lhe rendeu o ouro no Parapan limenho.

Na piscina olímpica de Londres, Wendell nada ainda os 100m livre, 400m livre e 200m medley.

O maior medalhista brasileiro no Parapan de Lima, Phelipe Rodrigues, garantiu a prata em uma das provas mais disputadas do Mundial até aqui. Ele foi superado por apenas oito centésimos pelo italiano Stefano Raimondi, que nadou para 23s63. O australiano Rowan Crothers foi bronze, com 23s72, um centésimo depois de Phelipe. Atual campeão paralímpico, o ucraniano Maksym Krypak terminou em quarto (23s74).

09.09.2019 – Mundial de Paranatação de Londres 2019 – Gabriel Cristiano – Foto: Ale Cabral/CPB
09.09.2019 – Mundial de Paranatação de Londres 2019 – Daniel Dias, ouro nos 50m livre s5 – Foto: Ale Cabral/CPB

“Eu esperava ganhar um ouro, estou feliz por ter esta prata, mas não foi minha melhor performance. Ainda tem muita competição pela semana, vamos aguardar os 100m livre”, disse, resignado Phelipe Rodrigues, que em Lima foi sete vezes ao ponto mais alto do pódio, e que nada os 100m livre na quinta-feira, 12.

A pernambucana Maria Carolina Santiago conquistou a medalha de prata nos 100m costas da classe S12, com 1min11s44, em prova vencida pela russa Anna Krivshna (1min07s55). O bronze ficou com a espanhola Maria Nadal (1min11s55).

O bronze brasileiro neste primeiro dia de Mundial de natação veio nos 50m livre (S5) com a potiguar Joana Neves, a Joaninha, (37s87), atrás das britânicas Tully Kearney (36s28) e Suzana Hext (37s13), ouro e prata, respectivamente.

Resultados das finais desta segunda-feira, 9:

6º lugar – Gabriel Cristiano: 100m Livre (S8)

5º lugar – Cecilia Araújo: 100m Livre (S8)

8º lugar – Ana Karolina Oliveira: 200m Livre (S14)

OURO Wendell Belarmino Pereira: 50m Livre (S11)

6º lugar – Ruiter Silva: 100m Livre (S9)

PRATA Maria Carolina Gomes Santiago: 100m Peito (S12)

OURO Daniel Dias: 50m Livre (S5)

BRONZE Joana Neves: 50m Livre (S5)

PRATA Phelipe Rodrigues: 50m Livre (S10)

8º lugar – Bruno Becker: 50m Peito (SB2)

5º lugar – Roberto Alcalde: 100m Peito (SB5)

Programação dos brasileiros nesta terça-feira, 10:

Eliminatórias (horário de Brasília)

6h11 Joana Neves, Esthefany Oliveira e Susana Schnarndorf: 200m livre (S5)

6h35 Caio Oliveira: 100m costas (S8)

6h47 Laila Suzigan: 100m livre (S6)

6h55 Talisson Glock: 100m livre (S6)

9h26 Ana Karolina Soares: 100m costas (S14)

8h52: revezamento 4x50m medley misto 20 pontos (soma da classificação funcional dos integrantes)

Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro

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